Estou vendo alguns (no plural mesmo) amigos numismatas se aventurando também na Filatelia. Contem sempre comigo pra qualquer dúvida sobre o assunto, pois essa é a minha principal praia.

Para ajudar vocês nos primeiros passos, descrevo abaixo 12 dicas os numismatas que querem se aventurar na filatelia:

1. Procure a melhor peça possível

Procure sempre obter a melhor peça possível, selo novo com goma, sem defeitos no picote, sem marca de charneira e, principalmente, sem ferrugem alguma, ou seja, tal como foi emitido pelo correio.

Para emissões antigas, procure sempre aqueles selos que possuem impressão bem centrada no selo e cores sem desbotamento.

Para selos emitidos sem picote (corte feito à tesoura), quanto maior a margem sobrando, melhor.

Se você não é numismata, mas quer iniciar direto na filatelia, esse artigo pode te ajudar:

Como colecionar selos: guia prático

2. Quanto mais carimbo, melhor

No caso de selos carimbados, quanto mais do carimbo aparecer, melhor. Evite selos com defeitos (ferrugem, dentes curtos, aminci...) ou carimbos borrados.

Fuja do "carimbo de 1º dia" ou "carimbo comemorativo", ele NUNCA valorizou em emissão nenhuma exceto no selo Olho de Boi.

3. O inimigo do selo

O verdigris, ou verdete, é o inimigo do numismata assim como a ferrugem é o inimigo do filatelista, e ambos tem algo em comum: contaminam as demais peças que estiverem por perto.

A ferrugem é ainda pior, pois é um fungo que se alimenta da celulose do papel. Deite no lixo sem dó (ou revenda, sempre tem comprador), os classificadores e álbuns velhos que estiverem com ferrugem.

Lembre-se, é um FUNGO, sua saúde é que está em risco.

4. Catálogo de selos nacionais

Para selos do Brasil, o Catálogo RHM possui cotações totalmente surreais. É tão imbecil que nem mesmo o editor do catálogo acredita nelas, vendendo selos a uma pequena fração do cotado por ele próprio.

Use o RHM apenas como referência cronológica das emissões. Para cotações, veja os valores de venda nos sites de casas filatélicas e tire uma média.

5. Catálogo de selos estrangeiros

Para selos estrangeiros, o Catálogo MICHEL, em alemão. Esqueça o Yvert et Tellier em francês e o Scott em inglês, são duas porcarias. Não sabe nada de alemão? Google Tradutor está disponível de graça.

6. Manuseio do selo

Você manuseia moedas com luvas e, da mesma forma, manuseia selos com pinça.

7. Proteção do selo

Fitas protetoras parecem caras, mas protegem o selo de poeira, gotículas de água, umidade, poluição atmosférica e ferrugem. Não deixe de usar, especialmente pra selos caros.

A fita protetora de fabricação nacional, chamada "maximaphil" faz bem o trabalho. A importada, chamada "hawid", tem mais qualidade, mas custa 3 vezes mais.

Corte-as com guilhotina, NUNCA use tesoura e menos ainda estilete com régua (se tentar, vai descobrir rapidamente o motivo disso, e com prejuízo).

8. Instrumentos para filatelia

A filatelia requer mais instrumentos que a numismática: Além da já mencionada pinça, precisa de uma boa lupa, odontômetro, filigranoscópio, benzina pura retificada (ou fluido de isqueiro), lâmpada ultravioleta dupla (ondas curtas e longas), guilhotina...

Leia detalhes sobre cada um desses instrumentos no meu blog

9. O perfil do filatelista

Na filatelia os colecionadores geralmente ENTENDEM e ESTUDAM as peças que possuem e colecionam, não é como na numismática que é repleta de leigos onde até entidades confundem moedas com tokens e é apenas comércio e rifas.

O nível cultural e educacional é OUTRO, a diferença é BRUTAL. Mesmo os iniciantes tem mais nível de conhecimento dos selos que coleciona, do que os numismatas com "30 anos de experiência" que vemos cotidianamente.

Chega a ser bizarro, mas é a realidade. Há exceções, mas essa é a "regra geral".

10. Sobre valiosos?

Vai comprar algum selo de valor alto, digamos acima de uns R$ 500,00?

Peça ajuda a quem é antigo no ramo, pra averiguar autenticidade e estado de conservação, e se a compra vale a pena.

Se a peça não tiver certificado de autenticidade, mande confeccionar um após a compra.

11. Sobre envelope do 1º dia

Não percais vosso tempo com "envelopes de 1º dia", eles também não costumam valorizar. As casas filatélicas estão abarrotadas deles.

12. Investimento em filatelia

Uma última dica, preciosa: Se o intuito da coleção é investimento, não percais vosso tempo com selos modernos. Faz foco nos selos clássicos, emitidos entre 1840 e 1940.

Por hora é isso. Qualquer dúvida, dá um grito aí nos comentários.