Os carimbos especiais são contramarcas aplicadas sobre moedas fora de circulação, em circunstâncias especiais, como festas religiosas, exposições, aniversários, ou com finalidades de propaganda.

As moedas assim marcadas, se de um lado perderam valor numismático, do outro deram origem ao interesse de colecionadores, sendo estudadas em literatura especializada.

Neste capítulo apresentamos um limitado número de exemplos para chamar a atenção sobre este uso das moedas.

Campanha do ouro

A revolução iniciada em São Paulo a 9 de julho de 1932 não teve por fim separar esse Estado do restante do Brasil, mas sim reconduzir o país à legalidade e ao direito.

O movimento revolucionário tomou o nome de Revolução Constitucionalista. Dentre algumas divisas sugeridas foi aceita e oficializada a frase "Pro Brasilia fiant eximia" (Pelo Brasil façam-se grandes coisas).

Por força das circunstâncias, logo no dia 14 de julho o Governo Revolucionário viu-se na necessidade de emitir, pelo Decreto n° 5.585, papel moeda de vários valores (Bônus Pró-Constituição), sendo encarregada de imprimi-los a Companhia Melhoramentos de São Paulo, de Weiszflog Irmãos.

Carimbos do império
Conheça um pouco mais sobre os carimbos do império, as referências de estudos sobre os mesmos e um possível motivo de sua aplicação nas moedas do império do Brasil.

Estes bônus de curso forçado, e garantidos pelo Governo, não podiam ser recusados, a não ser que não fossem legítimos. Por dificuldades econômicas em que se encontravam as forças paulistas, foi criada a "Campanha do Ouro" na qual, além de grande quantidade de ouro em medalhas, moedas nacionais e estrangeiras, o Povo contribuiu doando objetos de arte, dinheiro em espécie, títulos e até propriedades. Alianças e anéis de formatura de ouro eram substituídos por outros de prata com os dizeres "Dei ouro para o bem de São Paulo - 1932".

Em troca de objetos de ouro doados, o povo recebia como lembrança anéis, alianças, distintivos de prata e também medalhas, entre as quais citamos duas por serem raras:

1ª medalha

Possui 34 milímetros de diâmetro de bronze dourado. De um lado, no centro, num círculo entre dois ramos, uma espada cintilante. Acompanhando a orla, a legenda PRO SÃO PAULO FIANT EXIMIA. No exergo, dez folhas (5 x 5) separadas por uma estrela de cinco pontas.

No outro lado, em sete linhas, dentro de um desenho simétrico de acordo com as palavras, dez folhas (5 x 5) separadas por uma estrela de cinco pontas e mais os dizeres: TROCADA POR UMA MEDALHA DE OURO DOADA PARA O BEM DE SÃO PAULO - 1932. No exergo, acompanhando a orla, um ramo de cada lado.

2ª medalha

Possui 55 mm de bronze dourado, com as mesmas características da primeira medalha, modificados apenas os dizeres: TROCADA POR MEDALHAS DE OURO DOADAS PARA O BEM DE SÃO PAULO - 1932.

A Associação Comercial de São Paulo iniciou esse movimento, o qual, na primeira reunião, no dia 8 de agosto de 1932, recebeu o nome de "Campanha do Ouro" ficando estabelecido que os donativos deveriam ser aplicados "para o bem de São Paulo".

Bloqueada por mar, sem recursos materiais e financeiros e sem as adesões prometidas, a Revolução não teve êxito. O Governador, Dr. Pedro de Toledo, e os outros dirigentes, patrioticamente, com o manifesto "Ao povo de São Paulo" comunicaram, a 2 de outubro de 1932, o fim do movimento.

Perdida a revolução e para evitar caísse em poder das forças legalistas o que sobrara da Campanha do Ouro, os dirigentes tiveram a feliz ideia de doar tudo à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, impondo a condição de transformar os bens em espécie circulante, para ser distribuída a instituições congêneres na proporção dos donativos recebidos das cidades do interior.

Para tanto, foi nomeada uma comissão incumbida da venda e da distribuição do total apurado. O ouro e a prata que sobraram foram fundidos em lingotes de ouro e mais 16 barras comemorativas.

De prata, foram feitos 512, título 700, com o peso aproximado de 1 quilo cada um, e mais 22 com o título 900 e ainda mais 104 barras comemorativas, pesando em média 100 gramas cada uma, numeradas e com o peso gravado.

Nas 16 barras comemorativas, de ouro, foi aplicado somente o ouro das alianças, e nas 104 comemorativas de prata, somente moedas brasileiras, trabalho provavelmente das firmas C. Natale ou F. Montini: o trabalho dos lingotes foi executado por dois técnicos contratados, em um gabinete reservado.

Por sugestão da Sociedade Numismática Brasileira, em 1934, a Santa Casa de Misericórdia concordou em carimbar as moedas recebidas por doação com um pequeno carimbo unifacial comemorativo.

Não são conhecidos o idealizador e o abridor desses cunhos (M. Langoni ou F. Montini?). Carimbaram-se moedas imperiais e republicanas de vários valores e metais.

O carimbo mostra dentro de um círculo o desenho de um capacete de aço, a data 1932 e sigla C. O. (Campanha do Ouro).

Há três variantes desse carimbo, uma com o 3 da data de cabeça achatada, e dois com o 3 redondo, em maioria sobre moedas de prata.

Num escritório, na rua 3 de dezembro n° 47, se efetuavam as vendas das moedas com o carimbo acima descrito, ao preço de 10$000 cada uma.

Nesse escritório eram aceitas moedas de particulares, para serem carimbadas, que pagavam 2$000 cada uma, recebendo-as de volta dois dias depois.

Muito embora a quantidade de moedas carimbadas tenha sido grande, hoje são todas raras devido ao grande interesse dos paulistanos em tê-las guardadas como lembrança e sentido patriótico.

Eis aí contada a verdadeira história do carimbo da "Campanha do Ouro" que, embora traga a data de 1932, foi aplicado possivelmente a partir do ano 1935 até 1937, de forma absolutamente irregular, de acordo com "Coletânea" de Kurt Prober, de 1953, sob o título Carimbos da Campanha do Ouro – São Paulo – 1932.

OBS.: Aconselha-se o leitor a consultar os Boletins de Numismática n° 76, 77 e 78 - da Sociedade Numismática Brasileira.

Carimbos de festas religiosas

São Jorge

Nessa contramarca unifacial vê-se São Jorge montado a cavalo, empunhando uma espada e lutando contra um dragão (Satanás).

A lenda faz dele um príncipe que matou um dragão para salvar a vida de uma princesa.

Faz parte da tradição cristã, São Jorge, mártir, sob o imperador Diocleciano (303), porém, a comissão encarregada pelo Papa Paulo VI da revisão dos santos da Igreja Católica constatou não ter São Jorge passado histórico; não devia ser venerado como santo.

Na Inglaterra, São Jorge é venerado como santo, sendo Patrono daquela nação e por isso aparece no reverso de muitas moedas inglesas. Na Rússia havia a Ordem de São Jorge criada por Catarina II.

Desconhecemos qualquer referência a este carimbo. Dois exemplares, em seguida: um à esquerda; outro a direita com ao lado foto ampliada, focalizando somente o carimbo,

OBS.: As moedas com carimbos de santos devem ser catalogadas como "devocionais".

Divino Espírito Santo

Trata-se de uma contramarca unifacial aplicada por ocasião das festas do Divino Espírito Santo nas cidades mineiras de Sabará, Santa Luzia, Congonhas do Campo, São João d’El Rey e outras, e também em cidades de outros Estados, possivelmente desde o começo do século XX.

A contramarca consiste no símbolo do Espírito Santo representado por uma pomba, que era aplicado em moedas de diversos valores, quase todas de cobre ou bronze.

Eram punçadas pelo "rei" dos festejos e distribuídas aos pobres da cidade, que as vendiam aos forasteiros nas portas das igrejas. Existem diversos tipos de carimbos. Alguns exemplares em seguida:

Fig. 1 - Pomba com a cabeça voltada para a direita (em alto relevo).

Fig. 2 - Pomba com a cabeça voltada para a esquerda dando a impressão de estar voando (em baixo relevo).

Fig. 3 - Variante, a cabeça voltada para a direita (em baixo relevo).

Fig. 4 - Pomba com a cabeça voltada para a direita, dentro de um anel com olhal.

Fig. 5 - Pomba com a cabeça voltada para a direita segurando no bico um ramo de oliveira, dentro de um círculo raiado. Entre os raios e uma orla a legenda DIVINO ESP. TO SANTO. No começo e final da legenda uma cruz-de-malta. No exergo, a legenda IGUAPE 1913.

Fig. 6 - Fotografia de uma moeda tendo ao centro um passarinho, possivelmente um carimbo do Divino.

Fig. 7 - Foto ampliada do centro da moeda da fig. 6, focalizando o carimbo.

Nossa Senhora das Graças

À irmã Catarina Labouré, da Ordem das Filhas da Caridade, inscrita no calendário hagiográfico em julho de 1947, apareceu no dia 27 de novembro de 1830, em Paris, a Virgem Santíssima, pedindo-lhe mandar cunhar uma medalha representando sua imagem, prometendo-lhe que as pessoas que a trouxessem consigo alcançariam grandes graças.

A medalha feita no Brasil tem:

ANVERSO: No centro, a imagem de Nossa Senhora, de frente, apoiando seus pés na Lua e a data de 1830. Os braços estendidos para baixo têm as mãos abertas emitindo raios significando abundância de graças.

Na orla, da esquerda para a direita, a invocação: "Ó Maria concebida sem pecado r(ogai) p(or) n(ós) que recorremos a vós".

REVERSO: No centro, sobre a letra M (de Maria) está uma cruz e embaixo da letra M dois corações, à esquerda, de Jesus e, à direita, de Maria.

O coração de Jesus é encimado por uma chama, e cercado por uma coroa de espinhos; e o de Maria, além da chama, está atravessado por uma espada, com foi anunciado a Ela no dia da sua purificação, pelo velho Simão. Na orla doze estrelas (mencionadas no Apocalipse por São João Apóstolo).

O carimbo que se encontra nessa moeda é idêntico ao reverso da medalha de Nossa Senhora das Graças acima descrita e provavelmente foi aplicado por ocasião do Sesquicentenário da Aparição (1980).

Esta medalha, disse o Papa Pio XII, tem sido instrumento de tantos favores, tantas curas, proteções e conversões, que a voz do povo a chamou de "Medalha Milagrosa".

Não encontramos nos livros consultados referência a este carimbo.

Carimbos de exposições

2ª exposição Numismática – Belo Horizonte (MG)

A 2ª Exposição Numismática de Belo Horizonte, realizada nos dias 1° a 15 de dezembro de 1937, teve lugar no recinto da Feira de Amostras, patrocinada pela Sociedade Numismática de Minas Gerais a qual foi fundada nos mesmos dias.

Formada uma comissão, esta, além de mandar cunhar 9 medalhas de prata e 3 de ouro para serem entregues aos melhores expositores, mandou também carimbar 50 moedas de 5.000 (Santos Dumont, 1936) numeradas de 1 a 50.

Este carimbo foi trabalhado pelo artista mineiro José Jacinto e o desenho foi feito por Érico de Paula, sendo os cunhos destruídos na presença de uma comissão.

Entre os presentes veio especialmente para esta solenidade o Presidente da Sociedade Numismática Cearense, Sr. Alcides de Castro Santos.

A moeda com o número 1 foi entregue à recém-fundada Sociedade Numismática de Minas Gerais (Belo Horizonte); a de número 25 à Sociedade Numismática Brasileira (São Paulo) e a de número 50 à Sociedade Numismática Cearense (Fortaleza). As 47 restantes foram distribuídas aos interessados.

Este carimbo bifacial é assim descrito:

ANVERSO: No centro, dentro de um anel o triângulo, que representa a Santíssima Trindade, com os dizeres LIBERTAS QUAE SERA TAMEN (Liberdade mesmo que tardia). No anel os dizeres 2ª EXPOSIÇÃO NUMISMÁTICA e no exergo a data 1937 entre dois pontos.

REVERSO: No centro, dentro do círculo, o monte Itacolomi com o sol nascente. No anel os nomes BELO HORIZONTE e MINAS GERAES, entre dois pontos.

3ª Exposição Filatélica e Numismática de Santos "SAMPEX"

O Clube Filatélico e Numismático de Santos (SP), comemorando o centenário do nascimento de Rui Barbosa, fez realizar, de 5 a 12 de novembro de 1949, sob os auspícios da Câmara Municipal, a exposição acima, de caráter nacional, animada por grande número de filatelistas e numismatas.

Neste evento foram carimbadas diversas moedas de prata e de cobre e delas descrevemos dois tipos:

1° carimbo bifacial

ANVERSO: Dentro de um círculo de pérolas um escudo português encimado por uma coroa. No exergo, a palavra S-A-N-P-E-X dividida por traços.

REVERSO: Dentro de um círculo de traços uma esfera armilar, e no zodíaco da mesma a palavra "SANPEX" entre duas aspas. No exergo, a data 5 a 12 XI-1949.

2° carimbo unifacial

O conhecidíssimo e tradicional peixinho do Clube Filatélico e Numismático de Santos tendo sobre o mesmo a palavra SANPEX.

Possuímos uma moeda de 2.000 réis do Império, de 1889, que, curiosamente, foi puncionada com o número de controle 013 B (será uma segunda emissão?).

No respectivo certificado consta que além de 100 moedas de 960 réis, foi aplicado o carimbo em somente 100 peças de 2.000 réis de 1889.

No Catálogo das Moedas Brasileiras (Kurt Prober, L pág. 156, sob o n° 1735-A), consta que foram carimbadas, além das 118 de 960 réis (18 sem certificado), mais a quantidade de 200 moedas de 2.000 réis de 1889.

OBS.: Sabemos que também foram carimbadas, como prova, com numeração especial (uma estrela e uma letra P), uma dezena de moedas. Todas as peças acima têm certificado.

No carimbo, nenhuma referência (nem o nome, nem a data) ao grande brasileiro, que nasceu em Salvador-BA no dia 5 de novembro de 1849 e faleceu em Petrópolis, no dia 1° de março de 1923.

A denominação SANPEX significa: SANTOS NUMISMÁTICA PHILATÉLICA EXPOSIÇÃO.

Carimbo JUPEX: 1ª Exposição Filatélica e Numismática da Cidade de Juiz de Fora (MG)

Nas festas comemorativas do centenário da Cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais, também realizou-se uma exposição filatélica e numismática durante os dias 31 de maio a 4 de junho de 1950.

Kurt Prober, no seu "Catálogo das Moedas Brasileiras", 3ª edição, na página 156 cita, entre outras coisas, que nesta ocasião foi mandado aplicar uma contramarca unifacial em 50 moedas de 2.000 réis do Império do tipo de cabeça, todas numeradas de 1 a 50 e, também, em 50 moedas de 2.000 réis da República, de 1906 a 1913, estas com os números de 51 a 100.

Descrevemos este carimbo:

Dentro de um círculo de pérolas, um escudo de forma irregular tendo na parte do centro a data em duas linhas horizontais, na primeira "31 - 5" e na Segunda "1950", encimando a data a palavra JUPEX.

Examinamos três moedas com esse carimbo: uma com o n° 9, em moeda do Império do tipo de cabeça; uma com o n° 37, em moeda do Império de 1851 e uma com o n° 63, em moeda da República. As três moedas e os relativos certificados estão reproduzidos a seguir.

Mostra Filatélica Comemorativa do IV Centenário da Fundação da Cidade de São Paulo

Na exposição de selos imperiais realizada nos dias 6 a 16 de janeiro de 1955 em São Paulo (SP), foi aplicado um carimbo bifacial em moedas de 960 réis (patacões), alusivo a esta exposição.

ANVERSO: No centro, as Armas Imperiais e embaixo destas, entre pontos, as palavras MOSTRA FILATÉLICA COMEMORATIVA. Na orla, da esquerda para direita, a legenda IV CENT. DA FUNDAÇÃO DA CIDADE DE S.PAULO. Começando e terminando a legenda, dois arabescos além dos pontos. Tudo isto dentro de um anel constituído de pérolas. No exergo, as datas, entre pontos, 1554-1954.

REVERSO: Dentro de um círculo de pérolas e um anel aberto no enxergo, tendo em suas extremidades um desenho que parece ser uma flor e três frutos, partindo da esquerda para a direita, a legenda PATROCINADA PELO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SÃO PAULO; abrindo e fechando a legenda uma estrela de cinco pontas. Contornam, dentro de anel aberto, no alto, da esquerda para a direita, os dizeres S.PAULO 6 a 16 DE JANEIRO. Em segunda linha, abaixo, a data 1955. Dentro da abertura do anel as iniciais do gravador R.D. No centro do carimbo um desenho símbolo do VI Centenário da Cidade de São Paulo.

Carimbo Othilia Sanches

Por ocasião deste grande evento, o veterano filatelista associado da SNB, Heitor Sanches, idealizou uma medalha-prêmio com o nome OTHILIA SANCHES em louvor a sua esposa e para reverenciar, assim, sua memória.

Este prêmio é constituído, além da moeda antes descrita com o seu respectivo carimbo bifacial, de um aro de prata contornando a moeda e nele escritos os dizeres:

PREMIO OTHILIA SANCHES na parte superior, e restando em branco a parte inferior reservada ao nome do premiado.

Heitor Sanches foi um dos fundadores, em 1919, da Sociedade Philatelica Paulista, e gozava do título de "Príncipe da filatelia brasileira". Boletim da SNB, ano XVI, n° 4, pág. 70.

4ª Exposição Filatélica e Numismática de Santos – SANPEX II

O Clube Filatélico e Numismático de Santos (SP), de 26 a 31 de janeiro de 1955, organizou e promoveu a IV Exposição Filatélica e Numismática de Santos, nomeada SANPEX II.

Foram cunhadas medalhas, barras de prata e carimbadas moedas comemorando o XXIII Aniversário da Revolução Constitucionalista, de 1932.

A peça fotografada pertence ao acervo da Sociedade Numismática Brasileira, peça esta que é um 40 réis de cobre de 1824 R, quando no Catálogo de Kurt Prober, 3a edição, pág. 156 sob o n° 1745 consta, somente, carimbadas moedas de prata de 960 réis e barras.

O carimbo bifacial é o seguinte:

ANVERSO: No centro, um busto de soldado com capacete, entre dois ramos. Sobre o ramo direito "9 VII" em duas linhas horizontais, em cima o 9 e embaixo o VII sendo estas divididas por um traço.

Embaixo do busto a legenda NON DUCOR DUCO (não sou conduzido, conduzo) entre dois pontos; tudo dentro de um círculo composto de traços e pontos. A orla é toda composta de um círculo de pérolas.

Acompanhando a orla a legenda SANGUE PAULISTA PARA O BEM DO BRASIL. Abrindo e fechando esta legenda, cinco pérolas em quadrado. No exergo, XXII ANIV° 1932-55.

REVERSO: No centro: o brasão de São Paulo que está dentro de um círculo interrompido em cima pela ponta da estrela do brasão, e embaixo pelas pontas da faixa e pelos galhos dos ramos do brasão, tudo dentro de um círculo de estrelas de cinco pontas.

Na orla está um círculo de pérolas e a legenda MOVIMENTO CONSTITVCIONALISTA. Abrindo e fechando esta legenda cinco pérolas em quadrado. Na parte de baixo, a legenda POR VM BRASIL FORTE E VNIDO.

Ano Santos Dumont

Decreto n° 38.610, de 19 de janeiro de 1956. Este Decreto, publicado no Diário Oficial no mesmo dia, considerando os grandes feitos de Alberto Santos Dumont, designa o ano Santos Dumont, no período entre 20 de janeiro de 1956 e 20 de janeiro de 1957.

Queremos assinalar que é conhecida a aplicação de carimbos sobre moedas de 960 réis do Império.

De 9 a 16 de setembro de 1956, foi realizada a "SANPEX IIIª", "V EXPOSIÇÃO FILATÉLICA E NUMISMÁTICA DE SANTOS" em comemoração ao "ano Santos Dumont" e ao "IV Congresso Brasileiro de Turismo".

Neste período foram contramarcadas, com um carimbo bifacial, diversas moedas de prata e de cobre. Entre elas descrevemos estes dois tipos de carimbos:

Primeiro carimbo

ANVERSO: Dentro de um anel de pérolas, no centro, em sentido horizontal, o tradicional peixinho da Sociedade Filatélica e Numismática de Santos, tendo sobre o mesmo a palavra "SANTOS".

Na orla, na parte superior, a legenda "SANPEX IIIA". Abaixo do peixinho "SET(EMBRO) 56" e na parte inferior, "ANO SANTOS DUMONT". As legendas, superior e inferior, estão separadas por um traço entre dois pontos.

Carimbo do Pará: a moeda da cabanagem
Conheça o carimbo do pará, contramarca aplicada nas moedas de cobre da província do Grão-Pará e que ficou conhecida como Moeda da Cabanagem.

REVERSO: Dentro de um anel de pérolas, no centro, um veleiro sobre ondas, abaixo destas "XVII ANIV(ERSARIO) e mais abaixo, a palavra "DO" e, na orla, os dizeres "IV CONGRESSO BRASILEIRO DE TURISMO".

Abrem a fecham os dizeres, as letras C.F.N.S.(Clube Filatélico e Numismático de Santos). Todo num anel de pérolas.

Segundo carimbo

ANVERSO: Dentro de um anel de pérolas e outro de linhas regulares, da esquerda para a direita, um tanto abaixo do centro, a legenda "MOSTRA NUMISMÁTICA. COMEM. (ORATIVA) DO.ANO.DE.SANTOS DUMONT."

No exergo, "SOC(IEDADE).NUMIS.(MÁTICA) BRASILEIRA", entre dois florões. No centro, em sentido horizontal, o antigo avião 14-bis abrangendo quase todo o campo.

Acima do avião, acompanha a orla, "S.PAVLO-A 21.X.1956", embaixo "BAGATELLE 23.X.1906", ao lado direito a sigla do desenhista JD. (Jorge Dessart).

REVERSO: No centro, em sentido horizontal, um moderno avião, da época, abrangendo quase todo o campo. Acima do avião, mais ao alto, "25 DE OVTVBRO", e embaixo "1906-1956"; ao lado esquerdo a sigla do desenhista JD (Jorge Dessart).

Rodeando o avião, um círculo ponteado interrompido, no lado esquerdo, pelo nariz do avião, e do lado direito, pela cauda. Acompanhando a orla, que é constituída por um anel de pérolas, no alto, a legenda "50° ANIV.(ERSARIO) 1° VOO-DE.SANTOS DUMONT" e embaixo "HOMEN.(AGEM) DO INST.(ITUTO) NVMIS(MÁTICO)-PALEOG.(RÁFICO) DE SANTOS", entre dois florões.

Inauguração do Museu Santos Dumont em Santos

Por ocasião da inauguração do Museu Santos Dumont e da Semana da Asa em Santos (SP), em outubro de 1957, foi posto sobre moedas um carimbo bifacial que tem as seguintes características:

ANVERSO: No centro, o desenho do avião 14 Bis. Em baixo do avião OUTUBRO 1957, em duas linhas horizontais. Em cima do avião, em linha curva, SEMANA DA ASA.

Acompanha a orla, embaixo, SANTOS, entre duas estrelas de cinco pontas, e, da esquerda para a direita, A INAUGUR.(AÇÃO) MUSEU SANTOS- DUMONT. Entre Santos e Dumont um traço.

REVERSO: No centro, uma hélice entre dois ramos com folhas. Embaixo da hélice as iniciais, em linha curva, ICAO.OACI (International Civil Aviation Organization. Organização de Aviação Civil Internacional) separadas de um ponto, e, em cima, também em linha curva, II SAM/SAT (II Serviço Aéreo Militar/Serviço Aéreo de Transporte).

As palavras Sam e Sat separadas por um traço oblíquo. Acompanha a orla, embaixo, S. PAULO, entre duas estrelas de cinco pontas, e, da esquerda para a direita, REGIONAL AIR NAVIGATION MEETING (Encontro Regional de Navegação Aérea).

Sociedade Numismática e Filatélica do Ceará

Por ocasião da quinta exposição de selos e moedas realizada em maio de 1959 no Ceará, foram carimbadas diversas moedas com o seguinte carimbo unifacial.

No centro, ao alto, as iniciais "SNFC" e, embaixo, a data "1959" e em cima desta o mês "MAIO".

Carimbo Ceará / Carimbo do Ceará
Carimbo Ceará, é uma contramarca aplicada naquela província em 1834 para reduzir o valor do cobre e prendê-lo dentro dos limites de seu território. Abordaremos aqui sua criação e aplicação em moedas não próprias para criar “raridades”, e a distinção do carimbo falso e do verdadeiro.

Na orla, da esquerda para direita, "5ª EXP.(OSIÇÃO) DE SELOS E MOEDAS". No exergo, a palavra "CEARÁ" entre dois pontos.

II Encontro Estadual de Filatelia e Numismática de Santos-SP

Este encontro, incluído no calendário turístico de Santos, foi realizado no SESC (Serviço Social do Comércio), Ponta da Praia, nos dias 19 e 20 de março de 1988.

Organizado pelo Clube Filatélico e Numismático de Santos, o evento teve o patrocínio da FEBRAF (Federação Brasileira de Filatelia), da FEFIESP (Federação das Entidades Filatélicas do Estado de São Paulo), da SNB (Sociedade Numismática Brasileira) e de outras entidades.

Constava da programação o lançamento de um carimbo com o característico peixinho, conhecidíssimo símbolo do Clube Filatélico e Numismático de Santos, sobre o qual está escrito CENTENÁRIO ABOLIÇÃO, entre duas linhas.

Entre as palavras centenário e abolição a data "1988". Porém, por uma falha, foi só, simbolicamente, carimbada uma moeda de 2.000 réis do Império do Brasil do ano de 1988. Posteriormente foram enviadas à SNB 200 moedas para a concretização da carimbagem, numeradas de 1 a 175 do ano de 1888, e de 176 a 200, com a data de 1889.

Carimbos vários

Sociedade Numismática Brasileira - Centenário da República

A Sociedade Numismática Brasileira - São Paulo, para comemorar o centenário da República, fez carimbar moedas de 500 e 1.000 réis da República.

O carimbo é o seguinte:

No centro, um anel dentro do qual há duas curvas paralelas em sentido oblíquo, da esquerda para a direita. Na parte de baixo, um pouco à direita, a constelação do Cruzeiro do Sul.

Carimbo de Piratini e Balastracas: as moedas da Revolução Farroupilha
Carimbo de Piratini ou Carimbo da República de Piratini foi uma contramarca punçada em moedas de cobre e prata nos anos 40 e 50 do século XIX para circulação nas regiões ocupadas pelo movimento revolucionário separatista do Rio Grande do Sul.

Na orla do carimbo, da esquerda para a direita, os dizeres "CENTENÁRIO (da) REPÚBLICA 1889"; as datas estão entre pontos. Em baixo S.(OCIEDADE) N.(UMISMÁTICA) B.(RASILEIRA).

Companhia Cervejaria Brahma - Rio de Janeiro

A título de curiosidade descrevemos a moeda de 500 réis, de 1907, com um curioso carimbo "BRAHMA RIO", tendo no centro a famosa estrela de seis pontas E, no centro desta, o tradicional copo de "Brahma Chop".

Encimando a estrela, a palavra Brahma e, no exergo, a palavra Rio. O carimbo é visível em sentido negativo no reverso da moeda.

Partido Integralista

Descrevemos também uma moeda de 200 réis, de 1901 (MCMI), com dois carimbos do símbolo do Partido Integralista, representado pela letra do alfabeto grego "Sigma". Este símbolo aparece em diversos tipos de moedas, geralmente com um único carimbo.

Saladero Guerra

Esta moeda de 40 réis, de 1889, tem o carimbo unifacial particular "S GUERRA" entre dois pequenos traços, o qual aparece em diversos tipos de moedas, inclusive em moedas de prata.

O saladeiro ou charqueada (carne seca) pertencia a Souza Guerra, de Quaraí, Rio Grande do Sul, e também no Uruguai. A carimbagem era feita mais por vaidade do que por falta de moedas de pequenos valores.

Carimbos particulares em moedas do Brasil: o que são e quais os tipos
Conheça a origem e tipos dos carimbos particulares aplicados em moedas do Brasil, nos estudos realizados por Kurt Prober e Eugenio Vergara Caffarelli.

OBS.: Aconselha-se o leitor a consultar o Boletim de Numismática n° 5, de agosto de 1960, da Sociedade Numismática Brasileira-São Paulo, que contém artigo a respeito de Carimbos e Moedas particulares do Brasil.

Fonte:
Artigo originalmente publicado no livro As moedas do Brasil - Desde o Reino Unido (1818-2000) publicado em 2016 em memória de Eugenio Vergara Caffarelli, páginas 343 a 358.