A ideia de se criar um museu voltado para a evolução dos meios de pagamento surgiu logo que o Banco Central foi fundado.

Esse ideal se viabilizou a partir de decisão tomada em 17 de agosto de 1966 pela Diretoria do Banco.

Nesse momento, deu-se início aos trabalhos de coleta de acervo, planejamento do novo espaço e composição de pessoal.

Florisvaldo dos Santos Trigueiros, um dos idealizadores do Museu de Valores, assim justifica a denominação e o nascimento:

"o que os bancos detêm nas suas reservas, os papéis que circulam e a própria moeda representam valores. Assim, um museu bancário é antes de tudo um museu de valores, pois em seu acervo, além de moedas e cédulas, devem ser recolhidos todos os papéis que representam circulação de riqueza."

O Museu de Valores foi inaugurado no dia 31 de agosto de 1972, no Rio de Janeiro, como parte das comemorações do Sesquicentenário da Independência do Brasil.

As instalações ocupavam parte do pavimento térreo do prédio que anteriormente sediava as Caixas de Conversão, de Estabilização e Amortização.

Hoje, nesse edifício inaugurado em 14 de novembro de 1906 e tombado em 1973 pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, funciona o Departamento do Meio Circulante do Banco Central.

Com a construção do edifício-sede do Banco em Brasília, foi reservado espaço para o museu que viria a ser transferido do Rio de Janeiro.

Sua inauguração, na capital federal, ocorrida em 08 de setembro de 1981, ensejou o abrigo e a exposição de seu acervo em local dotado de recursos de segurança, amplitude e beleza.

Tour Virtual

No dia 30 de março de 2021 foi lançado o Tour Virtual do Museu de Valores do Banco Central.

Tour Virtual do Museu de Valores do Banco Central

Museu de Valores: filosofia e objetivos

O Museu de Valores tem-se constituído em um dos guardiões da Memória Nacional, essencialmente no que se refere à evolução dos meios de pagamentos, à História Econômica e à Numismática.

Esse objetivo, colocado de modo amplo, é norteado pelos princípios que deram origem ao museu, ou seja, os propósitos do Banco Central na conservação e divulgação de parte da história e cultura de várias sociedades.

A filosofia do Museu de Valores se adéqua perfeitamente às atividades do Banco Central. Araken C. Farias, ex-diretor do Banco Central, em prefácio de publicação sobre o Museu, assim se expressou:

"Em paralelo ao desempenho de seus encargos específicos, dentre eles o de órgão emissor, executando os serviços do meio circulante, o Banco Central cultiva o propósito de divulgar todo um patrimônio cultural. De fato, é significativo que uma organização ainda nova como esta Autarquia adote, como símbolo institucional, a marca de um dobrão, moeda antiga de conhecida presença na evolução histórica do País. É um feliz sinal de compromisso com a história".

Os instrumentos utilizados pelo Museu de Valores com a finalidade de alcançar essas metas são:

  1. Recolher, classificar, colecionar, conservar e expor moedas, medalhas, condecorações, cédulas, cheques, ações ou quaisquer outros documentos, ou objetos, que representaram, ou representam, circulação de riqueza, tanto no Brasil, como em outros países;
  2. Promover estudos, pesquisas e conferências, relacionados com a história do meio circulante;
  3. Acompanhar, através da manutenção de arquivo de informações, a evolução da tecnologia do dinheiro, no Brasil e no exterior;
  4. Divulgar, sistemática e programadamente, por meio de exposições de longa duração, temporárias ou itinerantes, no país ou no exterior, o acervo do Museu;
  5. Promover o intercâmbio com instituições congêneres, no Brasil e no exterior;
  6. Manter e conservar livros técnicos sobre assuntos relacionados com cédulas, moedas e valores em geral;
  7. Divulgar, utilizando os meios de publicidade e os recursos audiovisuais, a moeda, o meio circulante, o Banco Central e as atividades do Museu;
  8. Propor aquisições de peças para o seu acervo;
  9. Efetuar pesquisas a fim de otimizar o desempenho das atividades de guarda, manuseio, classificação e conservação de peças, bem como para aprimorar o planejamento e realização das exposições.

Museu de Valores: as instalações

O Museu de Valores situa-se no 1º subsolo do Edifício-Sede do Banco Central, em Brasília.

A área destinada à administração conta com salas de apoio, biblioteca especializada, sala de classificação de peças e casa-forte para guarda do acervo dotada de dispositivos de segurança.

O espaço aberto ao público, alvo do interesse e da atenção das pessoas, ocupa uma área de 1.300 m². Esse espaço abriga as seguintes atrações: Sala Brasil, Sala Mundo, Sala Ouro, Sala Emissões do Banco Central do Brasil, A Sala Curiosidades Monetárias, Sala Outros Valores, Sala Fabricação do Dinheiro e uma máquina de cunhar de 1937 para a distribuição de medalhas-brindes aos visitantes.

Sala Brasil

Estão expostas moedas, cédulas e outros valores impressos que circularam no país. Parte dos 500 anos da história dos meios de pagamento e investimentos estão ordenados num percurso que marca os períodos Colônia e Reino-Unido.

Entremeando as peças expostas, encontram-se reproduções fotográficas de obras de arte e outras imagens que reforçam o entendimento do objeto num contexto histórico, econômico ou social.

Sala mundo

Os visitantes viajam por cerca de 50 países representados pelos sistemas monetários e painéis fotográficos reproduzindo as imagens mais conhecidas das diferentes regiões do mundo.

Sala ouro

É a que atrai o público, principalmente o estrangeiro. São oito vitrines exibindo as diversas formas do ouro in natura; os instrumentos de fundição; o ouro amoedado e de investimento; o ouro usado em medalhas, sinetes e condecorações; as barras good delivery, negociadas em bolsas internacionais de ouro; o processo eletrolítico de refino; e, entre várias barras e pepitas, encontra-se a maior do Brasil.

Essa pepita pesa cerca de 60 kg e foi encontrada em Serra Pelada (PA), em 1983. É considerada, por sua formação geológica, uma das mais raras do mundo.

Sala emissão do Banco Central

Inaugurada em março de 1997, exibe cédulas e moedas brasileiras emitidas desde 1964, ano de criação do Banco Central, até os dias atuais.

A cada lançamento de cédulas ou moedas, esta sala é acrescida de exemplares que esclarecem, principalmente ao público infantil e estrangeiro, o quadro atual do meio circulante brasileiro.

Sala curiosidades monetárias

Mostra vários aspectos interessantes relacionados com o dinheiro ao longo da história: curiosidades econômicas, diferentes processos de impressão e falsificação de cédulas, moedas de diversos formatos, tamanhos e materiais, com destaque para alguns exemplares das menores e mais antigas moedas do mundo.

Sala outros valores

Expõe pequena amostra das coleções de medalhas, moedas comemorativas, condecorações, sinetes, vales e títulos.

Sala fabricação do dinheiro

A Casa da Moeda do Brasil apresenta diferentes etapas do processo de impressão de cédulas e de fabricação de moedas e da produção de diversos documentos contendo elementos de segurança.

Doada pela Casa da Moeda do Brasil ao Museu de Valores, a Máquina de Cunhar de fabricação alemã, com capacidade de cunhagem de até 110 peças por minuto, funcionou no período de 1937 a 1973.

Além desses espaços, o Museu possui, ainda, áreas destinadas às exposições temporárias às atividades complementares com estudantes. O espaço utilizado para o trabalho com as escolas está equipado com televisão e videocassete.

As exposições

Ao longo desses anos foram realizadas no Museu de Valores exposições permanentes e mostras de caráter temporário, inclusive fora das dependências do Banco Central.

São diversos os objetivos de que se revestem essas mostras:

  1. desenvolver temas ligados ao conteúdo programático das escolas;
  2. noticiar o lançamento de cédulas e moedas;
  3. ressaltar a missão do Banco Central como órgão emissor e principal executor da políticas monetária;
  4. levar ao conhecimento do público temas em destaque através de cédulas, moedas, medalhas etc;
  5. exibir as peças do acervo que mereçam destaque pela raridade, beleza e curiosidade ou pela exotismo;
  6. atender aos pedidos de estudiosos na exploração de dados relativos à Numismática;
  7. dar a conhecer os aspectos tecnológicos da produção do meio circulante;
  8. revelar o ciclo de vida do dinheiro, desde sua concepção até seu recolhimento;

Enfim, desvendar todas as possibilidades que fazem parte do objeto museológico.

O acervo

A política de aquisição de peças para o Museu de Valores iniciou-se antes mesmo de sua inauguração em 1972.

Foram incorporados acervos pertencentes à extinta Caixa de Amortização, à Casa da Moeda do Brasil e à Reserva-Ouro Brasileira.

As primeiras compras foram coleções fechadas, isto é, sem escolha de peças. Em aquisições posteriores, entretanto, houve a preocupação de selecionar peças com o intuito de completar os conjuntos já existentes ou incluir peças de valor numismático relevante.

O acervo do Museu de Valores é composto de cerca de 125.000 peças, brasileiras e estrangeiras, abrangendo dos mais antigos aos mais modernos meios de pagamento.

A memória da evolução das diversas formas de riqueza do homem está ali representada. São condecorações, medalhas, documentos históricos.

São títulos públicos e particulares, como debêntures, ações, bônus, cheques, apólices, cartões de crédito. Há também os vales impressos ou cunhados, os jetons e os sinetes.

O acervo contém, ainda, documentos e objetos que caracterizam o progresso tecnológico da fabricação de dinheiro, como matrizes de cédulas, cunhos, estudo de cores, discos monetários, desenhos originais de cédulas e moedas.

O ouro ocupa posição de destaque no acervo, uma vez que o Banco Central, depositário da reserva-ouro do país, tem no Museu o espaço ideal para levar ao conhecimento público a sua beleza, a raridade e a utilização do ouro.

A exposição de instrumentais de refino, comercialização e investimento atrai, sobremaneira, a atenção dos visitantes.

Entretanto, no campo dos valores, o elo mais significativo entre o passado e o presente está calcado na história de moedas e cédulas.

De fato, a moeda, ao longo dos últimos 2.500 anos de civilização, tem assumido lugar de destaque entre os valores criados pelo homem.

Além da atração exercida por sua beleza, a moeda representa inesgotável contribuição para a humanidade ao refletir os vários aspectos culturais de um povo.

Muitas construções e esculturas famosas da antiguidade, desaparecidas com o tempo ou com a depredação causada pelo homem, encontram nas moedas seu único registro pictórico.

A história política, econômica e social de uma determinada época pode, através dela, ser deduzida ou interpretada com segurança.

Esse pequeno pedaço de metal, fonte inesgotável de informações autênticas, pode lançar luzes quanto às condições econômicas, industriais e científicas, à religião, à educação, ao governo, ao progresso das artes e às mais diversas facetas de nossa civilização.

O dinheiro, portanto, é a razão de ser do Museu de Valores. Seus cofres abrigam cédulas e moedas marcadas por expressões de riqueza, lembranças, emoções, vitórias.

Ao transmitirem os usos e costumes dos mais diversos povos, as moedas denotam sua força mística e mítica. A própria origem da palavra moeda indica essa influência: é derivada da deusa Juno Moneta, em cujo templo, em Roma, cunhavam-se moedas.

Na Grécia antiga, as oficinas monetárias eram instaladas nos templos religiosos e suas moedas cunhadas com figuras de deuses.

Ainda hoje, é comum sua utilização como amuleto em ritos de seitas e religiões e em jogos adivinhatórios. É comum o hábito de turistas atirarem moedas em fontes e poços.

Pesquisar, decifrar e permitir que seu acervo numismático seja apreciado, compreendido e vivido são missões das quais o Museu de Valores não pode se furtar.

Perguntas e respostas sobre o Museu de Valores

Confira abaixo algumas respostas a dúvidas frequentes sobre o Museu de Valores do Banco Central.

Como doar peças para o Museu de Valores do Banco Central?

Venha pessoalmente ao Museu ou mande as peças pelos Correios. Em ambos os casos, é preciso preencher esta​ autorização.

Como foi montado o acervo do Museu de Valores?

A aquisição de peças para o Museu de Valores iniciou-se antes mesmo de sua inauguração em 1972.

Foram incorporados acervos pertencentes à extinta Caixa de Amortização, à Casa da Moeda do Brasil e à Reseva-Ouro Brasileira. As primeiras compras foram coleções fechadas, isto é, sem escolha de peças.

Em aquisições posteriores, entretanto, houve a preocupação de selecionar peças com o intuito de completar os conjuntos já existentes ou incluir peças de valor numismático relevante.

Porque algumas cédulas em exposição tem o carimbo "Specimem"?

O termo se refere à modelo ou amostra. São exemplares de cédulas produzidas oficialmente nas casas da moeda, porém não destinadas à circulação.

Para evitar o uso de cédulas de amostras como circulantes, as cédulas são marcadas e ou perfuradas, sempre com uma inscrição como "Specimen", "Amostra sem valor", "Modelo" ou equivalente em uma ou várias outras línguas, sobre a estampa.

São impressas geralmente em quantidades muito limitadas. Algumas são distribuídas aos bancos centrais de outros países para ajudar no reconhecimento das cédulas.

Porque o nome do é Museu de Valores e não Museu do Dinheiro?

A ideia original era de conceber um museu dedicado à evolução dos meios de pagamentos.

Nesse caso, os meios de pagamentos não estão restritos à cédulas e moedas, mas englobam objetos que representam valores para permitir a circulação de riquezas nas diferentes eras e localidades.

Tenho algumas cédulas e moedas antigas. O Museu avalia a autenticidade e faz avaliação do valor de mercado de cédulas ou moedas?

O Museu não avalia a autenticidade nem faz avaliação financeira de peças. A título de sugestão indicamos a Sociedade Numismática Brasileira para busca de mais informações e eventuais comercializações de cédulas e/ou de moedas.

Tenho uma pequena coleção de cédulas e moedas. O Museu tem interesse em comprá-las?

Atualmente, o Museu não realiza compra de acervo.

É permitido tocar nas obras? Porque?

Não. Além da fragilidade das peça, o contato com a pele humana pode danificar as obras pelos resíduos encontrados na superfície da pele. Obras que permitam interação terão sinalização clara.

Como foi formada a coleção de arte do Banco Central?

A coleção começou a se formar no início da década de 1970, com a chegada do painel Descobrimento do Brasil e da série Cenas Brasileiras, de Portinari.

Essas obras vieram do Banco Halles de Investimentos, que sofria intervenção pelo Banco Central.

O segundo grupo importante de obras veio a partir do Banco Áurea, também em liquidação, que por sua vez havia adquirido sua coleção da extinta galeria Collectio, de São Paulo.

Há quanto tempo existe a Galeria de Arte?

A Galeria de Arte abriu em 1989, no Edifício-Sede, em Brasília. Foi desativada em 1997 para reestruturação e reforma.

Enquanto esteve fechada, foram realizadas exposições no Museu de Valores e diversas obras foram cedidas para mostras em outras instituições. A galeria reabriu em 2006 e está em funcionamento desde então.

Porque todas as obras de arte não estão expostas?

Como em quase todos os museus, apenas parte do acervo está em exposição. Isso acontece por restrição de espaço, necessidade de realização de processos de conservação, restauro ou pesquisa de obras.

Mas a principal razão pela qual apenas algumas obras são escolhidas para cada exposição é uma proposição de olhar do acervo. Assim, uma mostra pode chamar a atenção para a trajetória de um artista, ao expor apenas obras de sua autoria, ou reunir trabalhos de um período histórico, movimento artístico, técnica, local de origem ou tema.

A exposição A Persistência da Memória, atualmente em cartaz na Galeria de Arte, apresenta seis abordagens do acervo, ao longo de seis módulos. São eles: Brasil Brasileiro, Entre a Figuração e a Abstração, O Poder da Arte, Anos Rebeldes, Da Multiplicidade de Formas e Conceitos e A Persistência da Memória.

O acervo completo está disponível no Catálogo da Coleção de Arte e no Flickr do Banco Central.

Posso expor as minhas obras na Galeria de Arte?

A Galeria de Arte expõe apenas obras que compõem o acervo do Banco Central.

Que obras compõe o acervo da Galeria?

O acervo é composto por 554 obras, entre pinturas desenhos, gravuras e esculturas, de artistas como Portinari, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Ismael Nery, Volpi e Babinski.

Fonte:
Informações sobre o Museu de Valores do Banco Central disponíveis aqui e aqui.